quinta-feira, 26 de março de 2009

Arte transforma?









Hoje, pra mudar um pouco o assunto "peregrinação pelas Secretarias", vou falar sobre uma pequena "interferência" artística que realizei na cidade.

Uma das coisa que mais gosto na vida é caminhar. Sempre mantive esse hábito em todos os lugares onde vivemos. Diariamente "brincamos" de descobrir novos rumos, outros caminhos para chegar a um mesmo ponto, ou simplesmente, fazemos expedições aleatórias, perambulamos a esmo, sem uma programação definida. Lembro-me do tempo em que moramos no deserto e da sensação de sair, sem direção alguma, apenas com um cantil d’água no cinto. Ou da visão surrealista de encontrar uma família de codornas, à meia noite, ciscando num ponto de ônibus, no centro de uma grande metrópole. São experiências que somente um andarilho pode ter. Caminhar torna o sujeito mais íntimo do mundo, da sua cidade, pois a rua não é mais somente uma passagem de automóvel, ela faz parte de seu tempo, do seu cotidiano.

Já há alguns anos, caminhar por Teresópolis tornou-se muito desconfortável. As calçadas são imundas, mal conservadas, cheias de buracos e os motoristas insistem em estacionar sobre elas. Em 2006, esse caos ultrapassou todos limites do tolerável, pois além desses problemas rotineiros, e do enorme número de cães de rua (problema que continua aumentando), as pessoas que passeiam com seus cães estavam utilizando o espaço público como depósito dos dejetos de seus animais e havia cocô por todos os cantos. Quando desviávamos de um, pisávamos noutro, um inferno! Foi quando resolvi fazer uma ação artística intitulada: "Pra não dizer que não falei de flores..." (homenagem a um ilustre morador da cidade, Geraldo Vandré).

Digitei a palavra flor (flower) no Google Images e imprimi sucessivamente o primeiro resultado da pesquisa (esta
rosa das fotos) numa folha de cartão tamanho A4. Com uma tesoura, fita adesiva e palitos de dentes, confeccionei a tal plaquinha (com 5 x 7 cm). Coloquei no bolso um monte delas e saimos "enfeitando" a cidade. Era época de estiagem, não chovia há um mês e as plaquinhas foram ficando, ficando, até desbotarem com o sol. "Milagrosamente", algo aconteceu! A rua Carmela Dutra, um dos endereços mais nobres da cidade, que estava um verdadeiro "cocódromo", melhorou um pouco. Algumas pessoas envergonhadas passaram, civilizadamente, a recolher a sujeira dos seus animaizinhos, como em qualquer lugar normal.