terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

olho parado não vê













Imagino que vou ter algumas dificuldades com o trabalho da REDE, coisa que percebi durante a realização de um projeto anterior, quando participei do Festival Inverno 2008 (SESC RJ). Eram video-instalações com televisões colocadas nas calçadas, mostrando imagens de cenas urbanas, em tempo quase real. Essas imagens interagiam com o espaço à sua volta como se pertencessem ao local, num exercício poético de deslocar situações cotidianas de um canto para outro. Muitas pessoas alcançaram imediatamente o sentido da proposta, crianças e adolescentes principalmente, e outras, pela falta de familiaridade com arte, se intimidaram.

Essa dificuldade de compreensão, diria mesmo uma certa desconfiança da população diante do que lhes parece "estranho", é muito natural, levando-se em conta o atraso e a aridez cultural da cidade. Apesar da proximidade com o Rio de Janeiro, o isolamento provocado pela falta de uma política pública de cultura local, durante tantos anos, provocou um embrutecimento no olhar, no discernimento da população em geral, para diferenciar aquele objeto, entre tantos outros, como uma obra de arte. Apesar da web, televisão e outros meios de informação, a falta de intercâmbio gerou imensa lacuna cultural, afetando sensivelmente a produção artística local, que está defasada, num total descompasso com a realidade. As propostas se tornaram cada vez mais básicas, pouco criativas e acomodadas, e a programação cultural é quase redundante, não instiga qualquer pensamento mais profundo. Do artista contemporâneo, espera-se que promova uma "circulação de idéias", mas aqui em Teresópolis, nos últimos anos, isso passou a ser uma atribuiçao exclusiva da classe jornalistica, que em sua maioria, não entende nem se interessa por Arte...