sábado, 21 de fevereiro de 2009

Novembro de 2008 - o insight




“Sou o espaço onde estou”

Noel Arnaud, L’etat d’ebauche, in "La Poetique de L'espace", Bachelard, G.



O distanciamento da população de Teresópolis em relação ao espaço urbano local pode ser percebido pela descaracterização total da cidade, que foi palco de inúmeras transformações e crescimento desordenado nos últimos anos. Caminhar pelas ruas da cidade vai, pouco a pouco, sendo cada vez menos saudável e aprazível. As calçadas são imundas, quebradas e intransitáveis, o excesso de veículos produz um barulho ensurdecedor e uma opressiva poluição visual obstrui todos os horizontes, outrora um grande atrativo da cidade. Durante esse processo acelerado de ocupação, e em nome de uma pseudomodernidade, copiou o que os grandes centros têm de pior, e o resultado é caótico. No meio de tudo isso, pessoas circulam indiferentes e passivas, sem perceber o enfeiamento progressivo da cidade, aparentemente não se dando conta das conseqüências dessa decadência.

Sufocado por todo esse caos encontra-se um sobrevivente, a espinha dorsal da cidade, outrora cantado em verso e prosa: o Rio Paquequer. Ele foi, gradativamente, perdendo o status de rio, para se tornar uma vala de esgoto a céu aberto, um “inconveniente” que cruza a cidade, e somente é lembrado quando suas águas transbordam durante os temporais.

À partir dessas observações, pretendo realizar este projeto de arte urbana em Teresópolis. Este tipo de trabalho funciona, de uma maneira sutil e poética, para “sacudir” os sentidos embotados das pessoas, e chamar atenção para a cidade onde vivem.

Assim como o Rio Paquequer é a espinha dorsal da cidade, resolvi produzir um trabalho de arte, uma instalação, que atue como um “eixo reflexivo” sobre a população ribeirinho-urbana de Teresópolis. Em sua realização, o projeto envolve a participação de diversos setores da sociedade local: Instituições, associações, Prefeitura, Estado, comércio, empresários, estudantes, formando assim uma imensa “REDE” colaborativa.



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